"A saúde é um setor estratégico cujas infraestruturas têm de funcionar. A missão de um serviço de segurança é garantir que nenhum incidente afete os processos de cuidados de saúde". Esta frase foi dita por Santiago García San Martín, Diretor de Segurança do Hospital Gregorio Marañón, na mesa redonda intitulada Os desafios da segurança hospitalar enquanto novas infraestruturas críticas, que decorreu no âmbito do Hikvision Village, um dos eventos tecnológicos que se realizou este ano em Madrid.
Este é um excelente resumo da importância da segurança nas instalações hospitalares, que são, efetivamente, infraestruturas críticas, pelo que o seu bom funcionamento deve ser assegurado.
As novas tecnologias, e mais especificamente os diferentes tipos de câmaras, assumiram um papel fundamental na segurança destes locais. Além disso, dado o enorme tráfego de pessoas que se verifica no seu interior, é especialmente importante que estes dispositivos incorporem inteligência e contenham parâmetros muito precisos que lhes permitam detetar situações anómalas, alertar os responsáveis pela segurança em caso de risco e implementar o protocolo adequado em cada momento.
O acesso a um hospital é livre, pelo que não é possível proibir a entrada durante as horas de abertura ao público. Mas é possível detetar potenciais situações de perigo. Por exemplo, quando se deteta um tráfego excessivo numa determinada área ou quando a capacidade é excedida; ou quando uma criança é identificada como estando acompanhada por cinco adultos na área das Urgências Pediátricas, quando a regra estabelece que cada criança só pode ser acompanhada por um adulto. Estas circunstâncias, convenientemente parametrizadas nos sistemas de videovigilância, geram um alerta imediato para as equipas de segurança, que têm a capacidade de reagir de imediato.
Por outro lado, a tecnologia pode limitar os acessos a áreas restritas. Há áreas críticas de um hospital, como laboratórios, UCI, salas de operações, zonas infeciosas... às quais só é permitido o acesso de pessoal autorizado. Neste caso, os sistemas de controlo de acessos entram em ação. E é a deteção biométrica - impressão digital, reconhecimento facial ou íris do olho, por exemplo - que se revela infalível e garante a segurança nestes locais.
A inteligência artificial e a capacidade analítica dos sistemas permitem também efetuar um estudo dos acessos e do trânsito de pessoas no interior do recinto, o que ajuda a tomar decisões. Por exemplo, a tecnologia pode fornecer dados muito úteis sobre quantas pessoas entram ou saem, por que portas, a que horas... Com esta informação, os acessos e itinerários podem ser redesenhados para desmassificar certas áreas do hospital, ou podem ser criados novos espaços de acordo com as necessidades do momento. Estas decisões evitam a sobrelotação e facilitam o funcionamento do hospital.
As últimas inovações na segurança hospitalar estão relacionadas com a videovigilância dos pacientes nos seus próprios quartos, o que é especialmente importante em lares de idosos ou hospitais psiquiátricos, por exemplo. Nestas instalações, a monitorização do comportamento dos doentes é particularmente importante para evitar situações de risco e para responder imediatamente a situações de emergência. A tecnologia permite, de forma discreta e sem invadir a privacidade dos pacientes, lançar um alerta quando a situação assim o exige, para que os profissionais de saúde possam reagir imediatamente e resolver emergências médicas.
O número de eventos que podem ocorrer em diferentes áreas de uma instalação hospitalar exige uma resposta tecnológica muito sofisticada e, sem dúvida, é necessário que os dispositivos incorporem software de inteligência artificial e algoritmos de Deep Learning que ajudem a detetar situações de risco e a lançar alertas em tempo real. O controlo total de uma instalação de saúde está para além do olho humano.
Atualmente, a segurança é um elemento tão importante para o bom funcionamento de um hospital, que as necessidades de segurança são consideradas mesmo nas fases iniciais da construção da própria infraestrutura. Esta é a melhor forma de tornar estes espaços seguros e confortáveis para os visitantes. "No final, o que um utente quer quando entra num hospital é sempre o mesmo: ser bem tratado, ver o seu problema resolvido e que o hospital seja um local seguro", concluiu Santiago García.