O envelhecimento da população é um dos desafios mais significativos que a nossa sociedade enfrenta atualmente.
Com o aumento da esperança de vida e o aumento do número de pessoas que atingem idades mais avançadas, os sistemas de cuidados, tanto no contexto familiar como institucional, são confrontados com a necessidade de oferecer soluções sustentáveis que garantam não só o bem-estar físico, mas também a dignidade e a autonomia das pessoas idosas.
Este desafio não só implica uma maior procura de serviços, como também exige uma transformação na forma como estes são geridos, integrando novas tecnologias que permitam cuidados mais personalizados, eficientes e humanos.
Sob esta premissa, a Hikvision Village 2024 acolheu a mesa redonda "Inovação e tecnologia para um cuidado seguro dos idosos", onde especialistas do sector discutiram os desafios e as oportunidades trazidos pela aplicação da tecnologia no cuidado dos idosos. Moderada por Alfonso Lorenzo, diretor de desenvolvimento de negócios para a banca, logística e cuidados de saúde da Hikvision, a sessão explorou a forma como a inovação tecnológica pode tornar-se um poderoso aliado para enfrentar os desafios do envelhecimento.
Os desafios do envelhecimento no domínio dos cuidados de saúde
Uma das principais questões abordadas foi o desafio da longevidade, uma vez que o envelhecimento da população está a gerar uma gama diversificada de necessidades.
Rakel San Sebastián, diretor-geral da Adinberri, salientou que a sociedade está confrontada com uma maior diversidade de pessoas idosas, desde indivíduos activos a pessoas em situação de dependência. Esta evolução demográfica coloca um desafio de sustentabilidade a longo prazo aos sistemas de cuidados.
Além disso, foi salientado o problema da solidão, uma situação muitas vezes invisível que deve ser abordada como uma prioridade para garantir o bem-estar emocional das pessoas idosas.
Gregorio Gómez, ministro-adjunto do SESCAM para a promoção da autonomia e dos cuidados à dependência, sublinhou também que num país como Espanha, com uma esperança de vida muito elevada, o desafio é garantir cuidados adequados que respeitem a autonomia dos idosos.
A tecnologia como ferramenta fundamental para enfrentar os desafíos
Juntamente com os outros participantes, Carmen Sam, diretora da Mensajeros de la Paz, concordou que a tecnologia é um apoio crucial para enfrentar estes desafios. Sam salientou que o objetivo não é apenas melhorar a qualidade de vida dos idosos, mas também facilitar o trabalho dos prestadores de cuidados.
Neste sentido, a tecnologia é apresentada como um recurso de acompanhamento que, para além de cuidar dos idosos, alivia a carga dos profissionais do setor.
O Vice-Ministro Gregorio Gómez também destacou a importância da digitalização dos serviços de cuidados domiciliários como forma de melhorar os cuidados preventivos e o acompanhamento proactivo da dependência, integrando a tecnologia de forma a tornar os serviços sociais mais eficientes e humanos.
Projetos de inovação para cuidados a idosos
Durante a mesa redonda, foram apresentados vários projectos em curso que integram tecnologias inovadoras no sector dos cuidados de saúde.
Um dos destaques foi a iniciativa MensajerosAD, apresentada por Carmen Sam, um laboratório dedicado à validação de tecnologias em ambientes reais. O projeto, no qual a Hikvision participa, permite que produtos e soluções sejam testados diretamente com os utilizadores finais, dando-lhes voz na adaptação da tecnologia às suas necessidades específicas. Isto garante que as inovações não só são eficazes, como também se sentem próximas e não intrusivas.
Rakel San Sebastián, por seu lado, referiu o programa Predictive Telecare, que visa promover a autonomia dos idosos nas suas próprias casas. Este projeto baseia-se nos "4 Ps": previsão, prevenção, personalização e participação, integrando tecnologia avançada para melhorar os cuidados a longo prazo.
Que caraterísticas deve ter a tecnologia para ser útil?
Sem dúvida, uma questão fundamental tem sido a discussão sobre as caraterísticas que a tecnologia deve ter para ser verdadeiramente útil nos cuidados aos idosos.
Os participantes salientaram que a tecnologia deve ser acessível, ética e centrada na pessoa. Como refere Rakel San Sebastián, um dos principais obstáculos à sua adoção é o fosso económico e digital, que impede todas as pessoas idosas de beneficiarem das inovações.
Gregorio Gómez insistiu que a tecnologia não deve gerar problemas adicionais que tenham de ser resolvidos com novas ferramentas, mas sim ser proactiva e eficiente desde o início.
Um futuro baseado na hibridação social e tecnológica
Por último, os peritos salientaram que o futuro dos cuidados aos idosos exige uma hibridação entre o social e o tecnológico. Para que a tecnologia seja eficaz, deve ser integrada numa visão humanista e ética que respeite a dignidade e a autonomia das pessoas.
Além disso, é essencial que as ferramentas tecnológicas sejam concebidas tendo em conta as necessidades dos utilizadores e dos prestadores de cuidados, criando soluções que sejam acessíveis e respeitem o contexto social de cada indivíduo.
Em suma, o futuro dos cuidados aos idosos reside na criação de um ecossistema em que a tecnologia não substitui, mas complementa e melhora os serviços de cuidados. A conclusão é clara: com a integração correta, a tecnologia tem o poder não só de resolver problemas, mas também de capacitar os idosos, garantir o seu bem-estar e aumentar a qualidade dos cuidados na nossa sociedade em envelhecimento.